Menos de 12% das companhias que estavam na lista da Fortune em 1955 continuam no ranking em 2017; 88% das empresas citadas naquele ano foram à falência, se fundiram ou foram adquiridas por outra companhia – ou ainda existem, mas saíram do grupo. O mundo está mudando, e o modo como interagimos com ele também. Se, quando éramos crianças, nos diziam para não falar com estranhos na rua, ou para não entrar em carros desconhecidos, hoje usamos a internet para chamar um estranho, que vem nos buscar em um carro desconhecido, usando aquela que é a maior empresa de táxi do mundo mesmo sem possuir um único carro. Vamos viajar e passamos as noites na casa de estranhos, usando aquela que é a maior companhia de hotéis do planeta mesmo sem ter um único quarto de hotel. O mundo está mudando, e as corporações que quiserem continuar na liderança sabem que precisam se empenhar muito para se manter no topo. Vamos examinar aqui alguns dos instrumentos e mecanismos que essas companhias estão usando para trabalhar com startups e, assim, continuar gerando ideias inovadoras.
Da perspectiva do empreendedor, a parceria com uma corporação pode ser a realização de um sonho: alcance global, acesso a capital, equipes experientes, know how e uma marca consolidada. Parece uma combinação perfeita, certo? Apesar disso, em muitos dos mais avançados ecossistemas de startups do mundo, estamos assistindo ao que chamo de “fadiga da inovação”. Corporações que não querem ficar paradas no tempo abrem uma aceleradora, montam um lab ou abrem espaço em seus escritórios para times de startups, imaginando que assim se manterão ágeis e inovadoras.
O resultado disso é que os dois lados ficam frustrados. E isso não é culpa de ninguém. Existe uma dificuldade real em criar um relacionamento entre duas criaturas tão diferentes, startups e corporações. Os funcionários corporativos deixam o hub de empreendedorismo sabendo que, assim que entrarem no avião, terão centenas de e-mails para responder e problemas para resolver. Quanto às startups, muitas vezes não sabem qual a melhor maneira de fazer um follow up, ou com que velocidade procurar a empresa. Eles veem as possibilidades daquela conexão e, animados, querem agir imediatamente. Mas, quando tentam, acabam tropeçando na falta de tempo dos “turistas”, que nunca lembram de dar um reply, e muito menos ligar de volta.
É essa falta de conexão que gera a “fadiga da inovação”. Para tentar resolver esse problema, as corporações têm desenvolvido diversos modelos, na esperança de que seja possível aproveitar melhor o potencial desse relacionamento, com resultados tangíveis.
A borboleta não conta meses, mas momentos, e tem tempo suficiente.
Rabindranath Tagore
As corporações precisam continuar a inovar e a trabalhar com as startups. Estas, por sua vez, podem se beneficiar muito dessa parceria. Existem centenas de ferramentas, mecanismos e processos que podem ser usados pelos dois lados para trabalhar melhor juntos. E a maior parte das corporações já está empenhada em melhorar esse relacionamento. Então, o que está faltando? Aqui estão algumas reflexões e sugestões.
Uma das maiores barreiras para a evolução desse relacionamento é a dificuldade de comunicação entre as partes. Reuniões de acionistas, relatórios trimestrais, planejamento plurianual: esses são termos encontrados frequentemente em reuniões corporativas. Mas, para uma startup na fase inicial, esse tipo de linguagem não faz o menor sentido. Planejar anos à frente é algo impensável para esses empreendedores que navegam por águas desconhecidas, tentando reinventar o modo como os negócios são feitos. Outra dificuldade das startups é entender a estrutura de uma grande corporação. Enquanto uma companhia conta com mil vice-presidentes e poucos diretores, outra é composta quase inteiramente por diretores, mas o vice-presidente é o principal tomador de decisões. Agora pense no empreendedor que faz uma reunião com um diretor global sênior, ou com um vice-presidente de inovação. “Essa pessoa tem poder de decisão? Que problema ele está tentando resolver?” Para startups que têm de quatro a cinco empregados, muito pouca hierarquia e nenhuma experiência corporativa, é extremamente difícil decifrar esses códigos.
Qual a solução? Em alguns casos, pode ser responsabilidade do executivo ser mais claro sobre o seu papel, seus objetivos e suas necessidades. Em outros, será preciso que a startup abandone o papel de quem ainda está fazendo um pitch e peça ao seu interlocutor que explique melhor sua função na companhia – e o que espera da parceria. Seja qual for o caminho, não existe mágica. É preciso que os dois lados se encarem de frente e que cada um mostre uma real disposição para aprender com o outro. Só assim será possível combinar os interesses das duas partes para criar valor.
Além de falar linguagens diferentes, grandes empresas e startups não se relacionam da mesma maneira com o tempo. Enquanto, no mundo corporativo, é normal falar sobre o que será feito com a startup no quarto trimestre do próximo ano, para o empreendedor essas palavras podem significar uma sentença de morte. O dono da startup precisa comprovar sua capacidade de executar um plano em um período de semanas ou meses. As corporações podem se mover na velocidade das startups? É claro que não. Processos foram implantados para garantir que as coisas sejam feitas de determinada maneira, com todas as aprovações necessárias. Como superar essa lacuna?
Ao trabalhar com corporações, uma das metodologias que uso é o que chamamos de “tamanho da mordida”. Encorajamos os times corporativos a descobrir qual o “tamanho da mordida” que irá funcionar ao trabalhar com uma startup em um período de 60 a 90 dias. Nesse espaço de tempo, não será possível realizar um projeto completo, ou solucionar totalmente um problema da corporação. Mas, na maioria dos casos, o processo será suficiente para provar o valor e o potencial de impacto daquela startup – que poderá, mais tarde, ser pivotada ou escalada. Dessa maneira, serão utilizados menos recursos, e diminuirá também a quantidade de estresse envolvida no projeto.
Em meu trabalho com inovação, tenho falado com dezenas de corporações em todo o mundo. O que observo, de maneira geral, é um nível maior de maturidade no que se refere às estratégias de inovação. É verdade que muitas companhias ainda estão tentando descobrir qual o melhor mecanismo para se relacionar com as startups. E existem pressões dos executivos por coworkings bacanas ou labs de última geração. Mas, cada vez mais, estamos vendo uma transição, do modelo “turismo de inovação” para “prática de inovação”.
Qual o caminho mais rápido para chegar lá? Como disse com grande elegância Ben Horowitz, do fundo de venture capital Andreessen Horowitz: “Não existe uma bala de prata capaz de resolver todos os problemas. Em vez disso, teremos de usar muitas balas de chumbo”. Esse texto é um convite para que você comece uma conversa. E, a partir dela, descubra quais são as balas de chumbo que sua organização deve usar para começar a inovar hoje.
Fonte: https://epocanegocios.globo.com
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